Sobre

Sempre em busca de inspiração

O projeto “Memórias Impressas” propõe a restauração digital do patrimônio público da Região Metropolitana de Belém, com foco nos casarões históricos que compõem a paisagem urbana e cultural da cidade. Construídos em períodos de intensa movimentação econômica e política, esses edifícios guardam em suas estruturas vestígios materiais que revelam camadas de memória coletiva, social e simbólica. Preservar tais patrimônios é preservar a identidade de uma comunidade, como destaca Candido (2000), ao afirmar que “a memória coletiva se constrói a partir dos vestígios que permanecem e dos significados que lhes atribuímos”. A arqueologia, enquanto ciência que interpreta a cultura material das sociedades humanas, oferece ferramentas para compreender modos de vida e práticas cotidianas do passado. Fragmentos de cerâmica, azulejos e utensílios encontrados no entorno desses casarões são testemunhos silenciosos que revelam aspectos da vida social e econômica da época. Diante das ameaças impostas pelo tempo, pela urbanização acelerada e pela ausência de políticas públicas de conservação, a tecnologia digital surge como aliada estratégica, permitindo a preservação virtual dos objetos e ampliando o acesso ao conhecimento. Ao envolver estudantes em uma experiência interdisciplinar que articula história, arte, ciência, design e inovação, o projeto promove uma educação patrimonial ativa e transformadora. Por meio da prospecção simulada, da digitalização tridimensional, da reconstrução virtual e da impressão 3D de artefatos arqueológicos, os alunos deixam de ser receptores passivos e tornam-se protagonistas da memória local. Essa abordagem estimula o pensamento crítico, o raciocínio histórico e o desenvolvimento de competências STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática), preparando os jovens para desafios contemporâneos com sensibilidade cultural e responsabilidade social. A reconstrução digital permite múltiplas hipóteses interpretativas sem risco ao original (Forte & Siliotti, 1997), enquanto a impressão 3D democratiza o acesso ao patrimônio, possibilitando que réplicas sejam manipuladas, estudadas e exibidas com segurança (Dell’Unto, 2016). Ao integrar tecnologia e educação, “Memórias Impressas” transforma fragmentos esquecidos em narrativas vivas, fortalecendo o vínculo entre escola, território e memória.

Palavras Chaves: Restauração. Região Metropolitana de Belém. Arqueologia. Impressão 3D.